Férias escolares: veja como manter alimentação saudável das crianças
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Durante o período de férias, as crianças tendem a passar mais tempo em casa, o que pode levar a mudanças na rotina alimentar e ao aumento na ingestão de alimentos ultraprocessados, como doces, salgadinhos e frituras. Adotar estratégias como horários regulares para as refeições e incentivar o consumo de alimentos frescos in natura e minimamente processados ajudam a prevenir o aumento de peso e a obesidade infantil. A recomendação da Gerência de Serviços de Nutrição (Gesnut) da Secretaria de Saúde (SES-DF) é de que frutas, vegetais, castanhas, iogurtes naturais e proteínas magras ganhem protagonismo no cardápio infantil.
Para a gerente substituta da Gesnut, Carolina Cunha, aliar alimentação saudável e atividade física nesse período é fundamental, além de evitar a compra de alimentos prejudiciais à saúde. “É importante não armazenar guloseimas e alimentos ultraprocessados em casa, além de estimular atividades físicas e brincadeiras ao ar livre. Caminhadas, jogos, passeios no parque ou até mesmo danças podem ser divertidos e ajudam a equilibrar o gasto energético dos pequenos”, explica.
Embora seja um período de relaxamento e descanso, as férias podem ser uma oportunidade para introduzir mudanças positivas e ensinar as crianças sobre a importância de cuidar do corpo e da saúde, segundo Cunha. Outra alternativa é envolvê-las na cozinha, no preparo de receitas práticas e saudáveis, por exemplo.
“Além de se divertirem, elas aprendem a fazer pratos que contribuem para uma dieta rica em nutrientes, como espetinhos e picolés de frutas, palitinhos de vegetais, pastas de leguminosas, como homus, pipoca caseira, cuscuz com queijo e sanduíches naturais”, acrescenta.
Obesidade infantil
No Distrito Federal, os índices de excesso de peso e obesidade infantil são preocupantes. De acordo com o último Boletim Informativo de Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN), uma a cada dez crianças estão com sobrepeso. Em 2023, o percentual foi mais elevado na faixa entre os 5 a 10 anos (12,22%) em comparação com a crianças de dois a quatro anos (9,39%) – desse total, mais de 4% já foram diagnosticadas com obesidade, uma condição que não apenas afeta o crescimento e desenvolvimento infantil, mas também aumenta significativamente os riscos de problemas de saúde na vida adulta –, já que está associada a doenças graves, como hipertensão e diabetes, por exemplo.
A médica endocrinologista pediátrica da SES-DF Alessandra Alves reforça que após as férias escolares, observa-se nos consultórios um aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade. De acordo com a profissional de saúde, o crescimento é, geralmente, associado ao consumo de alimentos hipercalóricos, excesso de tempo de tela e piora da rotina do sono das crianças.
“Uma certa flexibilização de rotina pode até ser saudável, mas é preciso ter bastante cuidado com as ‘exceções’ permitidas nesse período, para que não se tornem novos e maus hábitos – difíceis de serem desfeitos ao longo do ano. É importante que o adulto mantenha a tradição de sentar-se à mesa com os pequenos durante as principais refeições, pois é um momento de interação e observação”, afirma a médica.
O período de recesso das aulas também é o momento para aumentar o contato com a natureza, a interação social e estimular a criança a fazer novos amigos. Alves reforça que opções como colônia de férias e atrações culturais e musicais distraem as crianças e ajudam a gastar energia.
Rotina de sono
Manter a higiene do sono também é importante para o controle de peso, segundo a médica endocrinologista, pois é nesse período que há produção de hormônios importantes para um descanso de qualidade.
“ É preciso estabelecer um limite diário no uso das telas e evitar o acesso antes do horário de dormir, pois a utilização atrapalha a produção da melatonina, hormônio fundamental para o sono de qualidade. Para que as férias não resultem em ganho de peso, a palavra chave é ‘limite’. Crianças dependem do cuidado de adultos. Prevenir a obesidade é certamente melhor que tratá-la depois”, conclui.
Dados no Brasil
Segundo o Atlas Mundial da Obesidade, no Brasil, em 2035, estima-se que 50% da população entre 5 e 19 anos de idade (mais de 20 milhões de indivíduos) estarão acima do Índice de Massa Corporal (IMC) adequado.
*Com informações da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF)
Fonte: Agência Brasília