Arruda, Gim, Agnelo e Brunelli: a velha guarda dos condenados tenta voltar ao poder no DF

Published On: 28/10/2025 07:47

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Marcados por escândalos de corrupção, ex-governadores, ex-senador e ex-deputado articulam aliança eleitoral para 2026 e desafiam a memória dos brasilienses com promessas recicladas e discursos de redençã

A velha “República dos Condenados” tenta ressurgir das cinzas e retomar o poder no Distrito Federal. Liderados pelo ex-presidiário e ex-senador Gim Argello e pelo também ex-presidiário e ex-governador José Roberto Arruda, ambos com histórico de corrupção, o grupo aposta na falta de memória do eleitor e na desilusão política para tentar um “retorno triunfal” às urnas em 2026.

A reaproximação dos velhos aliados da era dos escândalos inclui ainda Agnelo Queiroz, condenado por improbidade administrativa no superfaturamento bilionário do Estádio Mané Garrincha, e Júnior Brunelli, protagonista da infame “oração da propina”, quando agradeceu dinheiro sujo como se fosse uma bênção divina.

O plano dos quatro é claro: explorar a nostalgia de parte do eleitorado e reocupar espaços de poder — justamente aqueles que, no passado, usaram para desviar recursos públicos e manchar a imagem de Brasília.

Gim Argello, apelidado de “Alcoólico” por empreiteiros — referência ao destilado que inspirou seu nome político — foi preso em 2016 na Operação Lava Jato, acusado de embolsar R$ 7,35 milhões em propinas das construtoras UTC e OAS para blindar executivos em CPIs da Petrobras. Condenado a 19 anos de prisão, cumpriu apenas três. Em 2022, teve a sentença anulada pelo STJ e, em 2024, o TRE-DF arquivou o processo, devolvendo-lhe o direito de disputar eleições. Agora, o político, conhecido nos bastidores como “Gato de Botas” por suas “pisadas leves”, prepara o retorno às urnas.

Ao lado dele, Arruda — símbolo maior do escândalo da “Caixa de Pandora”, que desviou cerca de R$ 50 milhões dos cofres públicos — tenta apagar as imagens do vídeo em que aparece recebendo uma sacola de dinheiro das mãos do delator Durval Barbosa. Cassado e preso em 2010, o ex-governador agora ensaia nova candidatura, com o mesmo discurso de obras e moralidade que não resistiu à prova dos fatos.

O elenco se completa com Agnelo Queiroz (PT), condenado por irregularidades no superfaturamento de R$ 1,4 bilhão na construção do Estádio Nacional de Brasília (Arena BRB), e Júnior Brunelli, o pastor que protagonizou a cena grotesca da “oração da propina”, em 2009, quando agradeceu o dinheiro desviado como “bênção para a cidade”. Ambos tentam novamente disputar cargos legislativos.

A tentativa de reabilitação política desses velhos conhecidos da Justiça acende um alerta: o retorno da velha política e de seus métodos, travestidos de novas promessas. A população brasiliense, que ainda sente as feridas abertas pelos escândalos de corrupção, precisa decidir se permitirá que o passado volte a comandar o futuro.

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