Dia Mundial de Prevenção de Afogamentos reforça alerta no DF
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Samu-DF atendeu 42 ocorrências no primeiro semestre de 2025; supervisão de crianças, respeito às sinalizações e uso correto de equipamentos de proteção são medidas-chave para evitar tragédias silenciosas
Por que a data importa
Instituído pela ONU, o Dia Mundial de Prevenção de Afogamentos, celebrado em 25 de julho, chama governos e sociedade a adotarem medidas concretas para reduzir um evento que, apesar de altamente prevenível, segue causando mortes e sequelas graves em todo o mundo. No Distrito Federal, o tema ganha urgência: o Samu-DF registrou 42 ocorrências de afogamento entre janeiro e junho deste ano.
O retrato local
Segundo o serviço de emergência, os casos atendidos envolvem desde situações em piscinas residenciais até episódios em cachoeiras, lagos, represas e canais, além de acidentes domésticos com banheiras e caixas d’água. A orientação central do Samu-DF é clara: prevenção começa com supervisão ativa, principalmente de crianças, idosos e pessoas com limitações motoras ou cognitivas.
“Olho no olho, a um braço de distância: essa é a regra de ouro para crianças perto da água”, reforça a equipe do Samu-DF, que lembra ainda que boias de braço não substituem coletes salva-vidas certificados.
Como prevenir (antes, durante e depois)
Antes de entrar na água
Avalie o local: procure placas, correntes, profundidade e a existência de guarda-vidas.
Use colete salva-vidas em rios, lagos, represas e esportes aquáticos. Boias infláveis dão falsa sensação de segurança.
Evite álcool e outras drogas antes de nadar ou pilotar embarcações.
Ensine crianças: combine regras claras (“não entrar na água sem um adulto”, “não correr na borda da piscina”).
Mantenha piscinas cercadas com portões auto-travantes e trancas fora do alcance infantil.
Durante a permanência no local
Supervisão constante: nada de “só um minuto no celular”. Afogamentos são silenciosos e rápidos.
Respeite a sinalização e as orientações de guarda-vidas.
Entre na água por etapas para sentir a temperatura e a correnteza.
Não superestime sua capacidade de nado; o cansaço chega rápido.
Crie um “anjo da guarda”: um adulto designado a vigiar, sem se distrair, revezando a função entre os presentes.
Depois
Recolha brinquedos e flutuadores da piscina para não atrair crianças.
Tampe caixas d’água, cisternas e baldes em casas com bebês e crianças pequenas.
Sinais de afogamento (e por que ele é silencioso)
Ao contrário do que o cinema mostra, a vítima não grita nem agita os braços de forma ampla: ela costuma manter a cabeça baixa, boca ao nível da água, com movimentos curtos e ineficazes. Atenção para:
Incapacidade de responder quando chamada;
Postura vertical, sem propulsão eficaz;
Tentativas repetidas de “subir” na água;
Cansaço extremo após lutar contra correntezas.
O que fazer em caso de afogamento
1. Acione o socorro imediatamente:
Samu: 192
Corpo de Bombeiros: 193
2. Evite se tornar uma segunda vítima: lance um objeto flutuante, um galho, uma corda ou use equipamentos adequados.
3. Se souber e estiver seguro, realize o resgate com apoio (alcance, arremesso, reboque), nunca o “abraço direto” na água.
4. Após retirar a vítima, avalie a respiração:
Não respira? Inicie RCP (reanimação cardiopulmonar) até a chegada do socorro.
Respira, mas está confusa ou tossindo muito? Mantenha-a aquecida, de lado, e sob observação.
5. Mesmo que a pessoa aparente melhora, encaminhe para avaliação médica: água aspirada pode causar complicações pulmonares tardias.
Medidas estruturais que salvam vidas
Especialistas defendem um pacote integrado de ações públicas e privadas para reduzir os casos de afogamento:
Educação aquática e primeiros socorros nas escolas.
Cercamento obrigatório de piscinas em condomínios e clubes, com fiscalização periódica.
Placas de risco padronizadas em cachoeiras, lagos e represas de uso recreativo.
Ampliação de equipes de guarda-vidas em áreas de grande circulação.
Campanhas sazonais em períodos de férias e calor intenso.
Capacitação contínua de profissionais de educação física, turismo de aventura e condutores de embarcações.
Checklist rápido para pais, responsáveis e gestores de áreas de lazer
[ ] Crianças sempre a um braço de distância de um adulto. [ ] Piscina cercada e com portão auto-travante. [ ] Coletes salva-vidas homologados disponíveis e em bom estado. [ ] Regras afixadas e conhecidas (profundidade, correnteza, proibição de mergulhos de cabeça). [ ] Plano de emergência claro: quem liga, para qual número, quem inicia RCP. [ ] Kit de primeiros socorros acessível. [ ] Álcool e direção de embarcações: tolerância zero.Afogamento é rápido, silencioso e quase sempre evitável. No DF, os 42 atendimentos do Samu-DF no primeiro semestre acendem um alerta para atitudes simples que salvam vidas: supervisão ativa, educação, sinalização, equipamentos corretos e resposta rápida em caso de emergência.
Em uma data dedicada à conscientização global, a ação local — dentro de casa, no clube, na cachoeira ou no lago — é o que faz a diferença entre a vida e a morte. Prevenir é sempre o melhor resgate.
Serviços de emergência
Samu-DF – 192
Corpo de Bombeiros – 193
Quando ligar: sempre que houver sinais de afogamento, inconsciência, dificuldade respiratória, convulsões, parada cardiorrespiratória ou qualquer situação de risco iminente à vida.