Ricardo Capelli entra na mira da Polícia Federal e enfrenta isolamento político

Published On: 30/11/2025 18:02

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Suposto uso de recursos da ABDI para autopromoção coloca Capelli na mira da  Justiça sob risco de investigações formais e possíveis sanções

O nome de Ricardo Capelli voltou ao centro do noticiário político nacional em meio a graves questionamentos sobre o possível uso da estrutura da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial para fins de promoção pessoal com viés político. O cenário se agravou após informações de que a Polícia Federal teria iniciado procedimentos preliminares de apuração sobre movimentações envolvendo recursos da agência.

Nos bastidores de Brasília, o desgaste político de Capelli também é evidente. Interlocutores do Palácio do Planalto indicam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem evitado alinhar-se publicamente a Capelli e, ao contrário, demonstrado preferência por Leandro Gras para ocupar espaços estratégicos no governo, deixando o ex-dirigente da ABDI fora das principais articulações políticas.

Nem mesmo o apoio do ministro Flávio Dino, apontado como padrinho político de Capelli, tem sido considerado suficiente para conter o avanço do desgaste e as possíveis consequências das investigações que podem evoluir para inquéritos formais e até medidas judiciais mais severas.

Capelli, que ocupou o cargo de secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública até janeiro de 2024, manteve forte exposição em eventos institucionais nos últimos meses, o que, segundo críticos, reforça a suspeita de possível desvio de finalidade no uso de recursos públicos da ABDI para fortalecimento de sua imagem política.

Especialistas em administração pública alertam que, se confirmada, a utilização de verbas públicas para autopromoção viola princípios constitucionais fundamentais, como a impessoalidade, a moralidade e a legalidade.

“O gestor pode representar a instituição, mas não pode utilizar a máquina pública como palanque político. Havendo indícios, a apuração é obrigatória e pode resultar em penalidades graves, inclusive de natureza criminal”, avaliou um professor de Direito Administrativo ouvido pela reportagem.

O isolamento político de Capelli também se intensificou após declarações em que ironizou a prisão de generais investigados, o que gerou forte reação em setores das Forças Armadas e ampliou o desgaste junto à classe política.

Até o momento, nem a ABDI nem a defesa de Ricardo Capelli se manifestaram oficialmente sobre as apurações preliminares ou sobre as acusações de uso político da estrutura da agência.

Enquanto as investigações evoluem, o caso reacende o debate sobre o uso da máquina pública, os limites entre atuação institucional e interesse pessoal, e a responsabilidade no trato com recursos federais  em um cenário no qual eventuais desdobramentos podem levar desde sanções administrativas até consequências penais mais severas.

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