Senador Wilder Morais é alvo de investigação da Polícia Federal por suspeita de desvio de recursos públicos
Compartilhar
Apurações miram possível participação do parlamentar goiano em esquema de irregularidades envolvendo verbas federais
Informações do Jornal O Popular mostra que determinação do STF levou a Polícia Federal a apurar 964 emendas parlamentares que somam R$ 649 milhões; especialistas veem risco de recursos se transformarem em ralo de dinheiro público em ano pré-eleitoral
O senador goiano Wilder Morais (PL) é alvo de investigação da Polícia Federal por suposto desvio de recursos de emendas parlamentares. Reportagem de O Popular, publicada nesta quarta-feira (27), mostra que R$ 1 milhão em emendas indicadas por ele estão sob apuração devido à ausência de planos de trabalho que comprovem a execução dos valores.
A investigação foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, em decisão de domingo (24). O magistrado ordenou que o Tribunal de Contas da União (TCU) levante, em até 10 dias úteis, todas as emendas parlamentares sem plano de trabalho e encaminhe as informações às superintendências da Polícia Federal. A partir daí, cada caso poderá resultar na abertura de inquérito policial para apurar o destino do dinheiro.
No caso específico de Wilder Morais, a Polícia Federal apura se houve desvio ou uso irregular dos R$ 1 milhão indicados pelo senador por Goiás. As emendas impositivas fazem parte do Orçamento da União e são prerrogativa de deputados federais e senadores, que direcionam recursos a municípios e estados de suas bases eleitorais.
De acordo com o levantamento inicial, 964 emendas em todo o país estão nessa situação, somando R$ 649 milhões. O modelo em questão foi criado em 2019, com a justificativa de dar mais agilidade à aplicação das verbas. A modalidade permite repasses diretos a estados e municípios sem a necessidade de convênios ou de projetos específicos, como ocorria antes.
Embora apresentada como forma de acelerar a execução de políticas públicas, a prática passou a ser alvo de críticas pela fragilidade nos mecanismos de transparência. Para especialistas em contas públicas, a ausência de um plano de trabalho detalhado abre brechas para irregularidades, desperdício e, sobretudo, uso político-eleitoral do dinheiro.
O risco é ainda maior em ano pré-eleitoral. Recursos liberados sem controle podem se transformar em verdadeiro “ralo de dinheiro público”, financiando obras mal planejadas ou até mesmo nunca realizadas. Na pior das hipóteses, verbas podem ser desviadas e utilizadas como moeda de troca para garantir apoio político em campanhas, comprometendo a lisura do processo democrático.